O geriatra é um médico com papel crucial no cuidado da saúde, especialmente na fase adulta tardia e na velhice. Sua atuação vai além do tratamento de doenças isoladas, ele tem uma visão global do paciente.
Embora a geriatria, como forma de especialidade médica, se concentre no idoso, o atendimento desse profissional não é estritamente exclusivo para esta faixa etária, e a procura pelo profissional está se tornando mais precoce.
Isso é feito, especialmente, por quem busca um comportamento preventivo em relação à própria saúde, investindo em medidas que reduzirão o risco de doenças geriátricas no futuro.
Com isso, fica claro que, a geriatria é a medicina do envelhecimento. Embora seu algo principal sejam os idosos, a consulta também pode ser valiosa para adultos que buscam um planejamento de longevidade e saúde de forma integral.
Enquanto a maioria das consultas médicas foca em doenças que matam (coração, câncer), a geriatria se concentra em condições que roubam a autonomia e a qualidade de vida.
O geriatra dá uma importância desproporcional à prevenção de quedas e ao diagnóstico de sarcopenia (perda de massa muscular).
Uma queda pode significar o fim da independência para o idoso; por isso, a força muscular e o equilíbrio são tão ou mais prioritários que o nível de colesterol em alguns casos.
Estar com um geriatra é, muitas vezes, ir muito além de responder pergunta apenas sobre sintomas físicos, mas também ter foco no todo.
É comum que ele pergunte: como está o seu isolamento social? Onde ficam as tomadas e tapetes da sua casa (risco de queda)? Como está sua relação financeira (o idoso é o “motor” financeiro da família)? Sua visão e audição estão dificultando sua comunicação? Como você está se sentindo sobre seu propósito de vida?
Quando buscar um geriatra
O momento de buscar um geriatra não é definido por uma idade fixa, mas sim pela transição de fase da vida, pelo desejo de prevenir ou pela complexidade da saúde.
O marco legal para a terceira idade no Brasil é aos 60 anos. Este é o momento mais tradicional e recomendado para iniciar o acompanhamento, mesmo que o indivíduo se sinta completamente saudável.
O geriatra é treinado para realizar a AGA – Avaliação Geriátrica Ampla, que identifica de forma precoce síndromes comuns do envelhecimento, como:
- Fragilidade – perda sutil de força e energia que aumenta o risco de doenças.
- Risco de quedas – avaliação de equilíbrio, força muscular e adaptação do ambiente doméstico.
- Comprometimento cognitivo leve – sinais iniciais de perda de memória ou raciocínio, antes que evoluam para demência.
- Individualização do envelhecimento – o geriatra entende as alterações fisiológicas naturais da idade e sabe distinguir o que é senescência (envelhecimento normal) do que é senilidade (envelhecimento patológico).
Para quem deseja buscar a ajuda do geriatra de forma precoce, isso deve ser feito a partir dos 40 ou 50 anos, e tem caráter estritamente preventivo. É importante para:
- Planejamento de longevidade, onde o geriatra pode orientar sobre as melhores estratégias de estilo de vida (nutrição, exercícios, sono) para construir uma reserva funcional que será crucial na velhice. É a chamada prevenção de doenças na terceira idade.
- Avaliar questões que envolvem histórico familiar de risco, se houver histórico de doenças como Alzheimer, Parkinson, ou demência na família.
E quando há uma necessidade, diante de sinais de alerta, independentemente da idade, desde que se apresente sinais de complexidade ou perda de funcionalidade. Alguns exemplos são:
- Polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos) – o geriatra realiza a desprescrição, revisando e ajustando medicamentos para evitar interações perigosas, efeitos colaterais e confusão.
- Quedas recorrentes ou tonturas – onde se investiga as múltiplas causas (medicamentos, fraqueza muscular, problemas de visão/audição) e cria um plano integrado de prevenção.
- Perda de memória ou confusão mental – o geriatra está apto a diagnosticar e manejar as diversas formas de demência e comprometimento cognitivo.
- Dificuldade na funcionalidade – onde a pessoa apresenta incapacidade de realizar tarefas diárias (tomar banho, se vestir) ou instrumentais (administrar finanças, dirigir) sem ajuda. O geriatra foca na reabilitação e manutenção da autonomia.
- Multimorbidade (muitas doenças crônicas) – o médico atua como o gerente de cuidados, integrando a visão de vários especialistas (cardiologista, endocrinologista, entre outros) para garantir que os tratamentos sejam coordenados e seguros para o paciente como um todo.
- Sentimento de estar “estragando” – quando o desempenho na vida está abaixo das expectativas e a pessoa sente que está perdendo a reserva física e mental rapidamente, onde o geriatra ajuda a identificar as perdas funcionais e intervir.
Como um geriatra pode ajudar
O geriatra é um dos profissionais mais importantes para a manutenção e melhoria da saúde e qualidade de vida na velhice, pois sua abordagem é holística e centrada na funcionalidade do indivíduo, e não apenas na doença.
Veja como ele pode ajudar:
- Quedas são uma das principais causas de incapacidade em idosos. O geriatra avalia a marcha, o equilíbrio, a força muscular e ajusta medicamentos que possam causar tontura, reduzindo drasticamente o risco de acidentes graves.
- O geriatra revisa todos os remédios que a pessoa toma, para avaliar suas funcionalidades e poder eliminar aqueles que são desnecessários, duplicados ou que causam efeitos colaterais indesejáveis como sonolência, confusão ou tontura). Ao reduzir a polifarmácia, o risco de interações medicamentosas perigosas e reações adversas diminui, o que melhora o bem-estar geral e a lucidez mental.
- Acompanhando o quadro geral do idoso, o geriatra define quais doenças devem ter prioridade no tratamento, sempre com o foco na manutenção da qualidade de vida e não apenas em metas laboratoriais rígidas que poderiam comprometer o bem-estar do idoso.
- Trata problemas complexos e multifatoriais como incontinência urinária, constipação crônica, tonturas e alterações do sono.
- Realiza o diagnóstico precoce e preciso de demências e inicia o tratamento e o planejamento de cuidados, o que é vital para retardar a progressão da doença.
- Depressão e isolamento são comuns na velhice e podem ser confundidos com demência. O geriatra diagnostica e trata esses distúrbios, melhorando o humor, a interação social e a qualidade de vida.
- Ajuda a família a adaptar a rotina e o ambiente doméstico para a segurança do idoso (por exemplo, removendo tapetes ou instalando barras de apoio).
- Em casos de doenças avançadas e sem cura, o geriatra foca nos cuidados paliativos, proporcionando o máximo de conforto, alívio da dor e dignidade, apoiando tanto o paciente quanto os familiares neste processo.
Deixe o preconceito de lado
A busca por um geriatra ainda gera preconceito e é cercada por estigmas, tanto por parte da sociedade quanto, muitas vezes, pelo próprio indivíduo ou sua família.
Este preconceito está diretamente ligado ao etarismo, que é a discriminação baseada na idade.
O maior estigma é que procurar um geriatra significa admitir a velhice e, pior, admitir a doença e a fragilidade.
A preocupação com o Alzheimer e outras demências faz com que muitos idosos e familiares evitem a consulta, temendo receber um diagnóstico de declínio cognitivo.
Mas a verdade é que, quanto antes se tem um diagnóstico preciso, mas fácil será controlar os sinais e prolongar uma vida de qualidade.
O trabalho do geriatra tem como objetivo não apenas “esticar” a vida, mas garantir que os anos vividos sejam com o máximo de independência e bem-estar.
A ideia é preparar a pessoa para que tenha um corpo mais resistente ao declínio natural.
Marque sua consulta e tire todas a dúvidas com um geriatra.
Fontes – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia; Lar D. Pedro V; Portal Uol; Tua Saúde; Hospital Santa Virgínia; Amor Saúde; e Rede D’Or São Luiz.
