A funcionalidade principal da homeopatia, diferentemente da medicina convencional (alopatia), não é tratar uma doença específica de forma isolada, mas sim tratar o indivíduo como um todo, estimulando seus mecanismos naturais de cura e reequilíbrio.
A homeopatia é um sistema médico de caráter holístico e vitalista, reconhecido como especialidade médica, farmacêutica e veterinária no Brasil.
Como especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Sistema Único de Saúde (SUS).
Princípios fundamentais da homeopatia
Seus princípios fundamentais diferem da medicina convencional (alopatia) e são baseados em três pilares principais:
- Lei da semelhança (similia similibus curantur), que é o princípio central da homeopatia: semelhante cura semelhante.
Traz como conceito que uma substância que, quando administrada em doses elevadas a uma pessoa saudável, é capaz de produzir um conjunto de sintomas, pode ser usada, em doses muito diluídas e dinamizadas, para tratar uma pessoa doente que apresenta sintomas semelhantes.
Exemplo: se a substância X causa febre, dor de cabeça e fadiga em uma pessoa saudável, ela será usada para tratar um paciente que está doente e manifesta o mesmo conjunto de sintomas.
- Doses infinitesimais (diluição e dinamização) – os medicamentos homeopáticos são preparados através de um processo de diluições sucessivas, seguidas de agitação vigorosa (dinamização – processo de preparo do medicamento, ou sucussão – etapa específica desse processo).
O ingrediente ativo (que pode ser de origem vegetal, mineral ou animal) é diluído em água e álcool diversas vezes. A crença é que quanto mais diluído, mais potente se torna o medicamento (Potencialização).
Em muitos casos, a diluição é tão extrema que o produto final pode não conter moléculas identificáveis da substância original, o que é um ponto de grande controvérsia científica, pois desafia os princípios farmacológicos e químicos tradicionais.
Os homeopatas acreditam que o processo transfere uma “energia” ou “informação” curativa ao solvente.
- Individualização e totalidade – a homeopatia trata o paciente, não a doença isoladamente.
A consulta homeopática é geralmente longa e detalhada (anamnese), pois o médico busca a totalidade dos sintomas do indivíduo.
O tratamento leva em conta não apenas os sintomas físicos (a dor de cabeça, por exemplo), mas também as características emocionais, mentais, hábitos, histórico de vida e o modo como o organismo reage ao meio ambiente.
Dois pacientes com a mesma doença podem receber medicamentos diferentes, pois o tratamento é selecionado para a singularidade de cada pessoa.
Homeopatia
A homeopatia é um sistema médico de abordagem holística, desenvolvido pelo médico alemão Samuel Hahnemann no final do século XVIII (1796).
O funcionamento da homeopatia envolve a combinação de uma abordagem terapêutica individualizada com o uso de medicamentos ultradiluídos e dinamizados, que supostamente estimulam a capacidade de autorregulação do organismo.
É importante ressaltar que o mecanismo de ação da homeopatia não é explicado pela farmacologia e pela química tradicionais, e é um tema de debate contínuo na comunidade científica.
A preparação dos medicamentos homeopáticos segue um processo farmacotécnico específico, regulamentado no Brasil pela Farmacopeia Homeopática Brasileira.
O objetivo é potencializar o efeito da substância original e, ao mesmo tempo, eliminar sua toxicidade.
Os medicamentos homeopáticos são feitos a partir de substâncias dos reinos: vegetal (plantas, raízes e folhas); mineral (minerais, metais, sais); animal (secreções, venenos, tecidos).
A partir dessa matéria-prima, é preparada uma tintura-mãe (ou o insumo ativo, no caso de substâncias sólidas, que passam por trituração com lactose).
Depois é feita a diluição seriada que consiste em reduzir progressivamente a concentração da substância ativa.
O próximo passo é a sucussão ou trituração onde, após cada etapa de diluição, o frasco contendo a mistura deve ser submetido à sucussão (agitação vigorosa e ritmada, geralmente por meio de batidas contra um anteparo elástico) um número específico de vezes.
A sucussão é o que, na visão homeopática, confere ao medicamento seu poder terapêutico (dinamização ou potencialização), liberando a “energia” ou “informação” da substância na solução.
Quando a substância inicial é insolúvel (como um mineral), o processo é feito através da trituração do material sólido com lactose (açúcar do leite), seguindo a mesma lógica de diluições seriadas antes de ser dissolvido em forma líquida.
O medicamento final é geralmente incorporado a um veículo inerte para facilitar a administração ao paciente. As formas farmacêuticas mais comuns são:
- Glóbulos – pequenas esferas de sacarose (açúcar) impregnadas com a dinamização líquida.
- Tabletes/comprimidos – feitos geralmente com lactose.
- Soluções líquidas – a dinamização líquida pura, geralmente administrada em gotas.
Uso frequente da homeopatia
A homeopatia é buscada para atuar em diversas situações clínicas, sendo frequentemente usada como tratamento complementar.
Em doenças crônicas ajuda a modular a resposta do organismo em condições de longo prazo, como alergias (rinite, dermatite), asma, ansiedade, depressão, fibromialgia, problemas digestivos crônicos e dores musculoesqueléticas. O objetivo é a melhora gradual e progressiva.
Em doenças agudas pode ser utilizada para aliviar sintomas de curta duração, como gripes, resfriados, febres e traumas leves. A recuperação, nestes casos, tende a ser mais rápida.
Quando se pensa em prevenção e qualidade de vida, também é usada na prevenção de doenças e na promoção do bem-estar geral, melhorando a qualidade do sono e o estado emocional.
No tocante a abordagem integrativa, associado com a medicina convencional, no contexto moderno, a homeopatia frequentemente atua de forma complementar à medicina tradicional.
Pode ser indicada para melhorar a qualidade de vida e aliviar sintomas em pacientes com doenças graves ou incuráveis, como o câncer.
Outra possibilidade é ser administrada juntamente com medicamentos alopáticos, sem interferir na ação destes, e auxiliar no manejo dos efeitos colaterais de tratamentos mais agressivos.
A homeopatia tem sido utilizada para tratar uma vasta gama de condições, incluindo:
- Alergias: rinite, sinusite, dermatites.
- Distúrbios digestivos: gastrites, constipação, síndrome do intestino irritável.
- Transtornos de ansiedade, estresse e depressão leve a moderada.
- Distúrbios do sono/insônia.
- Dores musculoesqueléticas e reumatismo.
- Problemas ginecológicos e sintomas do climatério.
Qualidade comprovada
Os medicamentos homeopáticos devem ser feitos em farmácias de manipulação, que sejam especializadas em homeopatia.
No Brasil, os medicamentos homeopáticos são classificados como medicamentos manipulados e sua preparação requer um processo específico de diluição e dinamização (agitação/sucussão) conforme as normas da Farmacopeia Homeopática Brasileira.
É fundamental certificar-se de que a farmácia é regulamentada pela Anvisa e possui o licenciamento adequado para a manipulação homeopática. Pesquise ou peça indicação a alguém da sua confiança, que já utilize a farmácia.
A maioria das grandes e médias farmácias de manipulação possui um laboratório ou setor específico para a manipulação homeopática.
Todos podem usar a homeopatia?
A homeopatia é geralmente considerada uma terapia de baixo risco e é frequentemente indicada para a maioria das pessoas, incluindo grupos sensíveis, devido à alta diluição dos seus medicamentos.
No entanto, existem considerações importantes sobre quem pode e quem não pode usá-la, principalmente em relação à prescrição e à substituição de tratamentos convencionais.
A homeopatia é considerada segura para praticamente todas as faixas etárias e condições de saúde, devendo sempre ser prescrita por um profissional habilitado.
- Gestantes e lactantes – é frequentemente procurada por ser uma alternativa com risco mínimo ou nulo de toxicidade ou efeitos colaterais para a mãe e o feto/bebê, ajudando em desconfortos como náuseas, azia e ansiedade.
- Bebês e crianças – por não apresentar efeitos colaterais significativos e pela facilidade de administração (em glóbulos de açúcar ou gotas sem álcool), é muito utilizada para cólicas, dentição, sono e infecções recorrentes.
- Idosos – é considerada segura para o tratamento de doenças crônicas ou agudas, pois não interage com outros medicamentos e tem risco muito baixo de reações adversas.
- Pessoas com múltiplas doenças (comorbidades) – pode ser utilizada em conjunto com tratamentos alopáticos (convencionais) sem risco de interação medicamentosa, atuando de forma complementar.
- Pessoas com alergias e hipersensibilidade – a ausência ou a quantidade ínfima da substância original no medicamento diluído minimiza o risco de reações alérgicas.
Não há contraindicações absolutas relacionadas à composição dos medicamentos homeopáticos, mas sim cuidados cruciais relacionados ao uso e à gestão da saúde.
- A homeopatia não substitui o tratamento convencional de doenças graves (como infarto, apendicite, hemorragias, câncer em estágio avançado, ou infecções bacterianas graves).
O uso da homeopatia nessas condições sem o tratamento alopático adequado pode ser perigoso e fatal.
- Não utilize medicamentos homeopáticos indicados por amigos ou parentes. A homeopatia é altamente individualizada.
Um remédio que funcionou para outra pessoa com sintomas parecidos pode ser ineficaz ou até mesmo levar a uma piora inicial (agravação homeopática) se não for o medicamento correto para a sua totalidade sintomática.
- Nunca suspenda abruptamente um medicamento alopático essencial (como insulina, remédios para pressão alta, quimioterapia, ou antibióticos) para substituí-lo por homeopatia, a menos que seu médico homeopata e o médico especialista que o acompanha concordem com uma transição monitorada.
- O medicamento homeopático na forma de glóbulos (pequenas bolinhas) é feito com sacarose (açúcar).
Diabéticos devem optar pela forma líquida (gotas) ou por tabletes específicos, sempre seguindo a orientação do profissional.
- O uso da homeopatia deve ser sempre guiado pela avaliação e prescrição de um profissional de saúde habilitado (médico, dentista, veterinário, ou farmacêutico especializado em homeopatia).
O tratamento homeopático deve complementar, e não substituir, os cuidados essenciais da medicina convencional, especialmente em casos de doenças com risco de vida ou que requerem intervenção imediata.
Fontes – Associação Médica Homeopática Brasileira; Tua Saúde; Ayfa Educação Médica; Associação Paulista de Medicina; Viva Bem Uol; Minha Vida; Farmácia Magna; e Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
